Texto e foto por Cris Paz, blogueira convidada.
Vou começar este texto afirmando que eu queria viver somente das vendas do varejo. Ganha-se mais, há o contato direto com o cliente e o feedback é instântaneo. Opa, acordei!  Estamos no Brasil, país que pisa sem dó no microempreendedor, por isso precisamos ter na manga várias “frentes” de venda. É o que eu faço na Chez Cris. Veja bem, de todos os posts que escrevi para o Superziper, este será o mais pessoal.
Acredito no potencial do mercado para os crafters pois tem muito gente talentosa aqui. Mas precisamos amadurecer, profissionalizarmos e nos unir. Calma, pessoal não é papo de sindicalista não. Deixa eu explicar. Temos que praticar preços justos aos nossos produtos, respeitar a concorrência (sim, ela é saudável e essencial para não ficarmos acomodados, sabe?), dizer não às cópias, fazer muita (mas muita mesmo!) pesquisa para trazermos itens sempre criativos e surpreendentes, com conceitos e utilidade.
Precisamos de muita garra e persistência para sobreviver com o nosso próprio negócio no Brasil. Mas sabe, não fico pensando nisso e muito menos me lamentando,  senão desanima, não é mesmo? Bom, chega de papo e vamos ao que interessa.
Antes de mais nada: o preço!
Você precisa decidir em quais frentes de vendas que irá atuar, isso influênciará o cálculo do preço final de seu produto. Por exemplo, se for comercializar somente para o varejo, some todos os custos, mais a mão de obra e dobre o valor. Ai você terá o preço final do produto (mais uma vez, isso não é regra). Às vezes, o produto vale mais que o valor final da conta. Não tem jeito, tem que aprender a ter feeling para precificar, não é ciência exata.
E se quiser atuar também vendendo para o atacado,  veja direito qual será a sua margem para o preço atacado e também para o varejo. Você não deve vender para o varejo com preço inferior do que seu cliente lojista. Exemplo: Vendeu para logista a X, este venderá o produto por XX, você deve vender a XX também, do contrário, seus dias de negócios com o atacado estão contados.
Um resumo das minhas três frentes de venda:
* Vendas no varejo
PREÇO – Como trabalho com o atacado também, tenho duas tabelas: uma para os lojistas e outra para o varejo, esta última possui exatamente os preços sugeridos de venda que indico aos lojistas.
FRETE – Por conta do cliente, mas não é regra.
FORMA DE PAGAMENTO – Era somente à vista com depósito bancário mas eu perdia vendas, ficava frustada. Agora, tenho PagSeguro Uol, que aceita cartões de crédito e débito.
DESCONTO – Só aplico desconto quando a compra é boa e o valor pago à vista.
* Vendas on line
Entendo que é importantíssimo  vender on line. No caso da Chez Cris, 90% das vendas para o varejo são on line. Estou começando no Elo7, mas ainda é cedo para medir o resultado. É um investimento relativamente pequeno, portando mais acessível.
Existem várias outras plataformas para lojas virtuais  ou você pode montar uma loja no seu próprio site, o que exige um investimento mensal, o que pode pesar nas despesas. Mas não descarte, ponha de lado, para planos futuros.
* Vendas atacado
PREÇO – Como já falei, trabalho com duas tabelas uma para atacado e outra para o varejo. Mas vender para o atacado não quer dizer vender a preço de banana, tudo tem que ser calculado, tem que ser bom para o lojista e para você.
FRETE – Por conta do cliente.
QUANTIDADE MÍNIMA – No meu caso aplico um valor mínimo de compras.
FORMA DE PAGAMENTO – 20 dias
DESCONTO – Só quando a compra é boa e o valor pago à vista.
* Desenvolvimento de produtos

Teoricamente seria bem lucrativo desenvolver produtos para marcas. Talvez em outras partes do mundo até seja. Mas aqui no Brasil é bem difícil, pelo menos segundo as experiências que já tive. Já tentei cobrar um valor fixo pelo desenvolvimento de determinado produto, mas não consegui. As empresas estão mal-acostumadas, elas entendem que se um fornecedor não topar fazer do jeito delas, outro vem e faz.
Mas a escolha é pessoal. Quem optar em fazer desenvolvimento deve ter capital para bancar o desenvolvimento e a produção antes de receber o pagamento. Sem contar que é preciso ter estrutura para absorver  pedidos. Por isso, antes de entrar neste nicho, estruture-se, fique craque nos demais setores e depois, se achar que vale a pena, tente.
* Digo não à consignação
A gente é tão ingênua e sonhadora no início, né ? Quer ver logo os produtos nas prateleiras de uma loja bacana. O lojista, esperto, sabe disso e se oferece para ficar com seus produtos em consignação. Eu já fiz e digo que para mim não serve. Hoje não trabalho mais com consignação. Só tive experiências ruins, péssimas. Além do lojista não respeitar a marca, ele não cuida das peças. Como não pagou pelos produtos, não faz o mínimo esforço para vender.
As dicas que eu mencionarei acima não são nada demais e nem são regra. Talvez muitas de vocês até já pratiquem todas elas. E o que é bom para mim e para minha Chez Cris, pode não servir para você. Minha dica é sempre absorver o conteúdo e aplicá-lo da sua maneira!
A nossa vida é feita de escolhas.  E o melhor, é que podemos reavaliar nossas escolhas sempre. Se não estiver satisfeita, analise e mexa na sua estratégia de vendas. Eu mesma já perdi as contas de quantas vezes já mudei de rumo!
Faz parte do jogo ;).
******************************